quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Coisas Ciosas

Mas de repente vem um cheiro,
um gosto-desgosto,
um sem-sentido constrangido
que faz finda toda a festa da vida.

e reanimar-se como
diante do mistério da vida
sobrepondo o lado podre de nós?

lado podre
pulsando vida, arfando vontade...

e de repente,
são coisas sutis
que fazem lembrar que em tudo,
na vida,
há o sangue, o fim, a inércia, a fome...
o medo e o desejo
convivendo dentro de um só corpo.

vem
o vômito
a digestão
o cuspe
o excremento
o vazio.
matando beleza.
tragando querer.

finda a beleza.
não há lirismo nisso.

são cios sãos,
são coisas vãs.

angústias e indícios:
a morte lenta
(das pequenas grandes tragédias anunciadas que sempre hão de vir).


Izak Dahora

Um comentário:

Unknown disse...

É incrível como você amadureceu. Seus textos e poesias são densos, fortes, contundentes; como, aliás, é você. Fico feliz e orgulhosa de poder considerar-me sua amiga e assistir sua evolução como artista. Continue sempre assim. Você vai longe. Seu blog é "da hora".
Beijos emocionados da amiga Cecilia Rangel