E não é que há duas semanas, já escoadas junto das águas do mês de março, foi o Dia Nacional da Poesia? (Surpresa, espanto, perplexidade!). Numa época em que se reafirmam gêneros e suportes literários pseudo-objetivos e imediatos (twitter, a nova onda), em que se parece decretar o fim de formas tradicionais como a poesia e até mesmo o romance, saber disso é, sim, algo digno de nota. Mais ainda descobrir que alguém esperou a chegada deste dia e a celebrou no calendário.
Este alguém não fui eu e, não fosse João Ubaldo – assim falando parece até que somos íntimos do famoso "Chá das cinco" -, em sua crônica do último 14, um domingo, eu jamais saberia da existência da data.
Recebi ainda agora a notícia com muito contento, quase euforia. Digo "ainda agora", pois a leitura da crônica acabou ficando para depois de quando deveria ser. Leitor alucinado, ando sempre atulhado de coisas para ler e, endividado eterno com as letras, vou empilhando os jornais pelos cantos do quarto. (Com o tempo descobri que para matar a ansiedade de ler todos os poemas e romances e contos e etc fundamentais, clássicos ou contemporâneos, preciso ser anárquico: ler tudo ao mesmo tempo. Então, é claro que posso me pegar lendo uma crônica sobre um grande ato político, por exemplo, uns dez dias após a realização do evento. Eu sei, trata-se de uma patologia).
E digo que fiquei em "quase euforia" pelo fato de ser mais um a me arriscar na escrita aqui dos meus versinhos. Ora herméticos ora insossos são meus e eu os estimo. E saber do Dia Nacional da Poesia (com maiúsculas!) fez-me sentir parte desse balaio.
Mas não sei se me chamaria um poeta. Nem sei se me pretendo a tanto – pelo menos não com a rigorosa pompa com que sempre foram tratados os poetas. Diria que sou um poeteiro, uma versão degradada das grandes figuras imortalizadas e repetindo em mim, por uma força maior que me move, aquela mesma alma errante, fascinada pela mulher amada e distante, pelos mistérios insolúveis da existência e de um forte que de nostalgia embriagando-me o ser de pretenso boêmio.
Nesta crônica, então, assumo-me como poetastro que sou (um trava-língua existencial) mas não vou transcrever aqui nenhum dos meus versos. Não lhes darei o gosto amargo da minha mediocridade (que agora a lucidez brazcubiana me faz sintetizar) ou o doce sabor, delicioso e deliciante, de um escasso momento de possível glória literária.
Eu, que já passei dos vinte anos, ainda não morri, seja por tuberculose ou causa similar, e não tenho sífilis, talvez por fugir de todos esses clichês românticos jamais serei um grande poeta, segundo os célebres moldes, como lembra João Ubaldo no seu texto. Mas o mundo e o Brasil de hoje não querem mesmo saber de poetas! Sigo na clandestinidade.
Contudo, e ainda que atrasado, meus contidos parabéns a mim e a todos os poetas!
Obrigado por lembrar-me disso, João Ubaldo!
P.S.: Você deve estar se perguntando que relação tem com o texto acima aquele "nenúfares" no título, não é mesmo? É que meu "amigo" João Ubaldo falava em sua crônica de nenúfar, nome exótico, atraente e de aparência culta, com que batizou um malogrado poema sem sentido de sua autoria que escreveu na juventude – nem sabendo o que aquilo queria dizer, mas empolgado pela sonoridade da palavra. Só que o baiano danado não revelou o significado do termo na sua crônica. Lançou o desafio e fui, então, ao Aurélio: planta ninfeácea (erva aquática) de belas flores, como a vitória-régia.
Eu também já escrevi os meus "nenúfares" sem-sentido. Vários, aliás.
Izak Dahora
3 comentários:
Oiee,
vc que escreveu neh?!
Nossa,perfeito!
Não tinha idéia desse seu talento maravilhoso e de causar inveja.
Meus parabéns!
ótimo final de semana e espero vc no meu.
www.taga-relando.blogspot.com
:*
Izak vc teve alguma dificuldade em gravar alguma cena no sitio do pica-pau amarelo?
Olá Izak sou do Rio Grande do Sul tudo bem.Vc além de ser ator vc escreve música ou apenas toca?Se fosse pra vc escolher entre ator ou professor de música vc escolheria qual?Izak parabéns pelo seu trabalho,tudo de bom a vc.
Postar um comentário