Assistindo aos extras do dvd do filme 5x Favela uma das várias coisas interessantes faladas pelos mais experientes em encontros e oficinas com os jovens cineastas e técnicos do filme me marcou e, por isso, pincei para expor aqui.
Disse Cacá Diegues, um dos produtores do filme - e "padrinho" e "benfeitor" do longa, no melhor sentido do termo - aos novos diretores sobre como dirigir atores:
"Ator é que nem gente. Tem um que é mais chegado, outro que é mais distante; há aquele que fala muito, outro que é mais frio; um mais emoção, outro mais racional...E o importante (em outras palavras, pois já não me recordo na íntegra) é entender como cada um funciona para que se extraia da biografia desse ator aquilo de que o personagem e o filme precisam (...)".
É claro que muitos diretores já teceram comentários sobre esse cuidado necessário com o intérprete - uns de verdade, muitos por vaidade simulando generosidade, outros tantos por força do clichê sem muito bem o ator, de fato, compreender... Mas acho que vale registrar tais palavras pois um diretor - e agora é um ator que fala - consciente de que ator é ser humano, portador de especifidades múltiplas, qualidades que o tornan singular (na vida e na cena) e que divide com o diretor a construção do todo, sem hierarquias, causa sempre satisfação e, por vezes, até mesmo espanto. E Diegues, marxistamente inspirado, invariavelmente se mostra bastante franco e politizado e não precisa, a essa altura do campeonato, fingir pensar o que não pensa.
É isso mesmo Cacá, ator é que nem gente.
Izak Dahora
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