Agradeço aqui pela presença de mais seguidores acompanhando alguns dos frutos inquietos da minha ávida imaginação de filho único, artista, romântico, intenso cara que sou - ou tento ser, "A gente é o que sonha", já disse alguma vez um poeta. Comentem, critiquem (elegantemente, claro!), sigam (se for o caso), divulguem (se eu for merecedor!). Abraços carinhosos do Izak Dahora.
destinado à escrita poética que se estende em reflexões sobre arte e cultura, além de divagações e pensamentos sobre projetos artísticos pessoais
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Napolitanos
Quando eu era criança não concebia a possibilidade de se gostar de sorvetes napolitanos. Considerava, na minha maquinação inconsciente que agora reconheço, falta de personalidade dedicar-se degustivamente, dentro de uma só vez, a três sabores diferentes - e, naquele meu ver, sabores tão incompatíveis.
Aliás, terá sido mesmo ao sul do país da bota onde surgiu essa heresia tri-sabor?
O sabor baunilha, que no meu limitado repertório de então só podia ser côco, era para mim sem graça, tão apático quanto a sua cor. A seu lado o chocolate, bem o chocolate eu fazia questão de não não gostar porque em toda minha infância eu fui alérgico a certos tipos de alimentos, especialmente os carregados da gordura característica do cacau. Nem preciso dizer que meus pais descobriram a tal alergia por conta do que resultou de mim após uma ingestão irrefreada do material mais ofertado em época de Páscoa na casa de toda vó generosa: comecei a criar caroços por todo o corpo e, além de parecer um E.T., parecia que ia explodir. Tive que aprender a não gostar.
Já o morango, minha fruta predileta da infância, mais até do que in natura e sim recheada nos biscoitos e nas guloseimas envenenadas de aromas e cores artificiais, me fazia revoltado diante já das embalagens dos napolitanos. Não admitia que minha fruta tão dileta dividisse espaço com outras, para mim nem mesmo dignas de papel coadjuvante, e de reles categoria.
E agora, divagando um pouco, penso que jamais poderia torcer para time de escudo tricolor, por exemplo. Minha aversão está originalmente ligada ao meu trauma com aquele sabor de sorvete. Que não era sabor, era sabores. Sorvete mau-caráter, duas caras, digo melhor: três caras! Lembro de quando rompi com a família e me tornei rubro-negro. Deve talvez até tratar-se de alguma predisposição genética (darwinismo) ou de alguma pulsão incosciente (Freud explica!) esse meu par de opção-aversão que começou nos sorvetes e alastrou-se vida afora.
É isso!! Eureca!!! Você pode até não não compreender – mas é como se eu estivesse fazendo uma descoberta terapêutica. Descobri a raiz do meu trauma/repulsa em relação aos objetos tripartidos!!!! Catapultaaaaa!!!! Será que me darei bem com a tecnologia 3D?? Ai meu Deus!!!!
Enfim, é curioso e engraçado, jamais quis ver aquele creme rósea com pedaços da cítrica fruta causando água na boca sem ser em carreira solo. E, no entanto hoje, sou um quase chocólatra como toda pessoa normal e admito um sorvete de côco vez ou outra. Mas os três juntos, nem pensar! Neuras à parte, em época de campanha eleitoral marcada pela hipocrisia e sistema político-partidário de cultural infidelidade, continuo, pelo menos, coerente e fiel aos princípios ideológicos das minhas papilas gustativas. Por isso: "Nada de promiscuidades na hora do sorvete!" ; "Viva o purismo moranguista!" ; "Dia 24 vote no rosa dos morangos"... E por aí eu poderia seguir na minha alucinação anti-napolitana...
P.S.: E pensar que adentrei numa quase teoria sobre tema tão esdrúxulo por conta da leitura que ando fazendo sobre texto do semiólogo e crítico francês Roland Barthes, em que é mencionado o clima de tensão entre as bandeiras ideológicas (preta, vemelha e tricololor) da crise por que passou Paris durante o maio de 68.
(Izak Dahora)
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Projeto de prolixo.
à tirania do verbo, do verso e da linguagem
eu quero falar cada vez menos.
eu quero falar mais com menos.
quero falar menos para ouvir os falantes de outras falanges
e satisfazer meu interlocutor de entendimento.
quero dizer tudo com aparentemente nada
eu quero falar menos difícil e ser claro como a água.
eu quero meu monólogo de um modo mais diálogo
menos bife e mais grãos. menos texto mais contexto.
Eu quero eu menos só
lilóquio.
(Izak Dahora)
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