Cem anos sem Machado. Nada de melancolia ou sentimentalismos forjados. Machado não gostaria de nada disso. Apreciaria, antes, a leitura contumaz de seus livros e a perpetuação do seu olhar crítico sobre o mundo. Assim, penso, é reviver o escritor, que, autodidata, e do alto do Morro do Livramento, desceu rumo a Academia, a qual ele próprio iria fundar. Cem anos sem Machado são cem anos com Machado - e com todas as personagens emblemáticas que fazem, hoje e sempre, parte da mais alta estirpe da nossa literatura.
A prosa elegante, perceptível na economia e na objetividade do estilo (genéricamente realista), trabalhada sem deixar de exigir minúcia e profundidade, a ironia fina, o olhar arguto e mordaz acerca da natureza humana. E o tratamento mais que especial - sem perder de vista o tom crítico, claro, sempre - daquela cidade do Rio de Janeiro século-dezenovista da Rua do Ouvidor, do Passeio Público, de Botafogo, de Laranjeiras, da Gamboa, enfim... Machado, que também era Quincas, como um de seus mais célebres personagens . Joaquim Maria Machado de Assis, imortal pelo que criou e pelo que deixou como legado.
Escrevo este texto com ânsia de ainda lê-lo mais.